terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Alvorecer Fugaz


Como sarcástico vilão, bebo do amor
Feito um vampiro insolente.
Vestido de negro profundo, desperto contente,
Rejeitando a luz do dia para brilhar na escuridão.
Celebro meu encanto e glórias ao terror
E assim te encontro em meio à apática multidão.

És agora minha viçosa presa, e eu, teu ávido predador.
Tal qual besta dos mais baixos instintos,
Sigo-te com olhos sinistros – solitário e faminto.
Nesta noite o meu sorriso será o teu horror...
Reze para algum deus ou use o teu revólver,
Não importa. Quero só me deliciar com a tua dor.

Tu deverias crer na cruz e em seus monstros,
Mas a sedução de um altar démodé
É fraqueza que nunca d’antes tu sonhou em ter.
Lucro para mim, a quem também chamam de monstro.
Se fitardes minha face, corra sem olhar para trás,
Pois minha máscara cai no alvorecer fugaz.

Bem depois da meia-noite nossos olhares se encontram...
Um calafrio percorre a tua delicada espinha,
Enquanto todos os sons estranhamente se calam.
Não adianta mais lutar, pois tu já és minha!
Aproxime-se e cumpra a tua infame sina
Que é a volúpia, dama-de-rapina!

Prove de meu sangue frio e de meu sêmen decadente
Mas nunca me peças aquilo a que chamam de amo, sua demente.
Em meu caminho só existe a sede e o dissabor
De momentos torpes e de pesadelos medonhos.
Meus lábios serão o túmulo que lhe roubará o calor
E meu abraço o fim de todos os teus sonhos.

Vejo o medo e o prazer dançando juntos em teu olhar,
Oh, meu belo presente da noite.
Nada se compara a vê-la sangrar e definhar...
Maldiga-me e use um açoite,
Pois em breve a tua alma irei atirar nas Profundas.
Serei o príncipe desencantado que para sempre amarás odiar.
O teu peito frágil e pueril
Irei bolinar com garras imundas
Para então arrancar-lhe o coração para meu banquete vil.
Se quiserdes, podes ficar com o meu;
Ele não bate mais. Não mais. Nunca mais.
E se já bateu foi há muito tempo atrás...

E então tu te vicias, mas já é hora da despedida...
Não há lugar para dois nesta estrada maldita
Na qual tomamos como bússola a insanidade desmedida.
Talvez um dia eu volte a ser puro,
Porém minha companhia não estará em teu curto futuro.
Quando por mim procurardes, somente verás em teu pescoço dois odiosos furos.

Já sinto minha pele macilenta a se mortificar,
Mas já tornou-se fetiche meu a sede saciar.
Sou um bastardo das Trevas, demônio sem lar –
Talvez um podre fruto de tua vasta imaginação...
E, por mais que eu vague neste mundo (imundo),
Serei eternamente um escravo da luxúria e da perversão.

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